É verdade que o mercado está inundado de SUV, mas se eles existem é porque há quem os compre. No entanto, estou convencido que muitos desses consumidores queriam uma carrinha destas.
O público pede, o mercado oferece. É assim desde sempre, e há-de continuar por muitos e longos anos. Mas ainda que hoje em dia existam SUV ao virar de qualquer esquina, nem sempre foi assim.
Os SUV
Apenas no início dos anos 2000 é que se deu um salto grande no que toca à circulação de SUV na Europa. Mas isto não quer dizer que já não existissem SUV até então. Prova disso mesmo é, por exemplo, a primeira versão do Ford Bronco, que nasceu em 1966.
Mas desde a década de 2000, que a procura por SUV é de tal forma grande que nem mesmo os fabricantes menos expectáveis de aderirem a esta carroçaria se escaparam. Não só não se escaparam, como as suas vendas são bastante significativas para o sucesso financeiro dos seus fabricantes.
Em 2002, a Porsche, que passava por uma má fase financeira, lança a primeira versão do Porsche Cayenne. Ainda que tenha sido recebido com algum ceticismo na altura, a verdade é que tem sido, ano após ano, um verdadeiro sucesso de vendas da Porsche — que é como quem diz, o carro que a Porsche mais vende.
Vou repetir: O carro que a Porsche mais vende desde 2002 é um SUV.
Mais tarde, em 2018, a Lamborghini tentou repetir a proeza que haveria sido feita pela Porsche anteriormente. Lançou assim a primeira versão do Lamborghini Urus, que — pasmem-se — tem sido o carro mais vendido da marca italiana desde então.
Portanto, não há como ignorar o valor que esta carroçaria tem e o peso financeiro que ela acarreta para as marcas.
As carrinhas
Por outro lado, as carrinhas, que também têm o seu valor, têm vindo a perder popularidade em prol dos SUV. Não é de admirar, uma vez que oferecem uma posição de condução mais alta, que se traduz numa melhor visibilidade da estrada, têm uma aparência menos sensível e são de facto capazes de se aventurarem fora de estrada sem se “magoarem”.
No entanto, existe uma espécie de misto entre SUV e carrinha que eu pessoalmente adoro e que infelizmente não é muito comum: as carrinhas todo terreno.
Na Europa, a Subaru foi o primeiro fabricante a disponibilizar uma carrinha com esta configuração, a Outback, em 1996. Depois disso, vários fabricantes decidiram testar as águas e ver no que dava. Um deles foi a Audi, com as suas versões Allroad, que ainda hoje são comercializadas.
Estas carrinhas juntam à carroçaria de carrinha uma pequena capacidade de todo terreno, trazendo com isso alguns elementos visuais que se destacam. Logo à partida, são carrinhas com uma posição de condução ligeiramente superior face às carrinhas convencionais. São naturalmente mais baixas do que os SUV, mas a diferença faz-se notar.
Para além disso há um conjunto de elementos plastificados ao longo de todo o exterior que lhes transmite um aspeto mais capaz em ambientes todo o terreno. Não se deixem enganar, isto não são carrinhas para andar em trialeiras. Mas para quem sabe que vai andar com alguma frequência em estrada de terra batida, ou que simplesmente, tal como eu, gosta do aspeto delas, tem aqui uma boa alternativa aos SUV.
Para mim, que conduzo uma Volvo V50 diariamente, a primeira que me ocorre é naturalmente a Volvo V60 Cross Country. Acho-a muito bem conseguida e diria até que se destaca claramente de qualquer outra. Mas existem mais algumas, umas mais atraentes do que outras.
As minhas 5 preferidas
Para além de um design que eu considero mais atraente, estas carrinhas destacam-se ainda por terem uma condução muito idêntica a um carro, uma vez que estão apenas ligeiramente mais acima do que uma carrinha convencional. E ainda por disponibilizarem um espaço interior bastante amplo tendo em conta as dimensões gerais exteriores.
As más notícias
Nem tudo são boas notícias neste mundo automóvel, especialmente nesta fase de drásticas mudanças.
A Ford, já se fez anunciar no ano passado, dizendo que iria deixar de produzir o Focus — em geral, e não apenas as versões active — em 2025, alegadamente em prol de SUV. Sem surpresas, em relação à última parte.
A Subaru, com muita pena minha e de muitos vocês certamente, já nem sequer opera em Portugal.
A Volkswagen, tal como a Ford, também ela planeava tirar proveito de um mercado que cada vez pede mais SUV quando deixou de fabricar a versão Alltrack.
E ainda que a versão RXH da Peugeot 508 seja a que menos me impressiona, não deixa de me fazer virar a cabeça sempre que vejo uma. Mas infelizmente, também ela deixou de ser fabricada há muito tempo. O que é uma pena porque as linhas mais modernas que a Peugeot tem usado nos seus modelos mais recentes encaixariam que nem uma luva numa nova RXH.
Da lista acima, a única que ainda resta à venda no nosso mercado é a V60 Cross Country, que tem um acréscimo de cerca de 7000 € face à V60.
Resta-nos esperar que mais consumidores vejam o potencial destas carrinhas e que os fabricantes acabem por se dedicar mais a elas, que bem merecem.